O Brasil assiste, mais uma vez, à colisão entre tecnologia, política e imagem pública — e desta vez, os protagonistas são Google e Meta, possivelmente envolvidos em um dos maiores deslizes estratégicos de sua atuação no país. A polêmica: ambas as empresas apareceram como apoiadoras do 2º Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal (PL), evento diretamente ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Caso ganhou fama após matéria de José Benedito para a Veja.

Se confirmado o apoio institucional — ou mesmo a simples cessão do uso das marcas — o episódio poderá ser marcado como o maior erro de articulação das big techs na história do Brasil.

Nos últimos meses, o Google já vinha sendo alvo de críticas por suas políticas de moderação e práticas comerciais. Sua postura evasiva frente à responsabilidade sobre os conteúdos veiculados, incluindo links de pirataria ao lado de anúncios, a contabilidade em dólares via AdSense, e a exclusão de varejistas menores do Merchant Center, colocaram a empresa sob uma lupa poderosa. Enquanto isso, a Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) mostrava-se mais solícita às demandas do governo brasileiro, buscando parecer alinhada a uma política de transparência digital.

Neste contexto, a associação direta ao evento de um partido político (em especial, do espectro bolsonarista) é explosiva.

Google e Meta precisam, urgentemente, explicar o que houve. Mais que isso: precisam rever sua política de articulações no Brasil. Ou estarão plantando, com suas próprias mãos, as sementes de um desgaste institucional duradouro.

Não só isso, mas a cada dia que passa fica cada vez mais claro as reais intenções dessas big techs estadunidenses no Brasil: eleger um fantoche pró-EUA e pró-Trump.