1. Introdução

A primeira premissa que devemos estabelecer é clara: armas de fogo não são proibidas no Brasil.
O que existe, na realidade, é um regime de restrições seletivas — um sistema que, na prática, armou milícias, bolsonaristas e setores da direita e da extrema-direita, enquanto deixou movimentos populares, lideranças de esquerda e comunidades indígenas vulneráveis à mercê da violência política.

Vivemos em um país onde:

Milicianos e grupos paramilitares operam livremente, com arsenais legais e ilegais, além do apoio de setores do Estado.
A extrema-direita se organizou militarmente, aproveitando-se do desmonte do controle de armas entre 2019 e 2022.
Ativistas, sindicalistas e defensores de direitos humanos são assassinados (Marielle Franco, Marcelo Arruda, Mestre Moa do Katendê) sem que o Estado garanta sua segurança (e muitas vezes, com o aval do próprio Estado).
Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) revelam que 73% dos assassinatos no campo têm como vítimas militantes de esquerda (2003-2023).
O Relatório da Global Witness coloca o Brasil como o 4º país mais perigoso para ambientalistas.

Diante desses dados e fatos, a esquerda precisa superar tabus e falsos moralismos:

Armas são ferramentas — não têm ideologia, mas quem as usa, sim. Se a direita as empunha para intimidar, nossa resposta deve ser a organização e a autodefesa legítima. Enquanto a direita compra armas para “matar bandido”, amealhar desafetos e mostrar poder em briga de trânsito e discussão com amante, nós da esquerda compraremos armas para defender nossa soberania, nossos filhos e famílias, nossa existência enquanto seres humanos e nossa sobrevivência enquanto seres políticos. O uso correto, legal e consciente das armas de fogo por parte da esquerda é um contraponto necessário ao uso indisciplinado das armas de fogo por parte da direita.

Aprender a atirar não é crime — é um direito previsto em lei (Estatuto do Desarmamento, art. 12). Além disso, atirar também é um Esporte. Se o sistema permite a posse de armas e meios para aprender a atirar, vamos usá-lo a nosso favor. Se a direita, notavelmente envolvida em crimes e irregularidades, foi capaz de armar massivamente seus militantes nos últimos anos, porque nós da esquerda não podemos ter a mesma capacidade, atuando na mais plena e ampla legalidade?

A passividade é suicídio político — diante do avanço do golpismo, do fascismo e da violência da extrema-direita, não há mais espaço para ingenuidade. O que vimos até agora foram assassinatos de militantes de esquerda na rua, tentativas de golpe e de assassinato de Presidentes, discurso de ódio e tudo quanto é tipo de ilegalidade por parte da direita contra o campo da esquerda. Permanecer passivos e pacíficos diante de tudo isso é, no mínimo, um suicídio político.

O medo da esquerda em relação às armas deve acabar.

Se nos perguntávamos quando e como seria o momento ideal para aprendermos a atirar, agora precisamos nos perguntar: quando e como vamos abrir o primeiro clube de tiro de esquerda?

Isto não é um chamado à violência indiscriminada, mas à sobrevivência. Se o outro lado do espectro político nos quer mortos, nossa obrigação é garantir que isso não aconteça — dentro da lei, das nossas capacidades e possibilidades, mas sem recuos, tabus ou falso moralismo.

A política de armamento em massa sob Bolsonaro, que distribuiu 600 mil novas armas para civis — muitos deles alinhados ao bolsonarismo radical, deu poder bélico à um seleto grupo de pessoas que amanhã poderão aplicar um golpe de Estado, perseguir opositores nas ruas, assassinar nossos camaradas e por aí vai.

Marx dizia que “o povo armado é o povo livre”. Ainda assim, parte da esquerda segue olhando com desconfiança para as armas de fogo — talvez como reflexo da brutal repressão sofrida pelos militantes que optaram pela luta armada nas décadas de 1960 e 1970. A derrota dessa via deixou marcas profundas e um medo generalizado nos movimentos de esquerda no Brasil. Medo compreensível, diante da violência brutal daquele período. No entanto, já estamos, ao mesmo tempo, distantes o suficiente para refletir com mais frieza, e próximos demais para ignorar um ponto crucial: em cenários de ruptura democrática, o que define quem tem poder e quem não tem são, essencialmente, as armas.
10 argumentos sólidos e embasados para justificar o armamento da esquerda brasileira:

1. Autodefesa contra a violência política
Casos como os de Marcelo Arruda (PT), Mestre Moa do Katendê, Marielle Franco (PSOL) e inúmeros militantes do MST evidenciam que ativistas de esquerda são alvos constantes de ataques de grupos extremistas. A violência política registrada no Brasil na última década tem sido majoritariamente dirigida à esquerda, alimentada por discursos e ações da direita. O direito à legítima defesa, previsto no art. 25 do Código Penal, legitima o armamento como forma de proteção individual e coletiva, especialmente em áreas rurais e periféricas, onde o Estado falha em garantir segurança. Entre 2016-2022, 72% dos assassinatos políticos no Brasil tiveram vítimas de esquerda (Grupo Gay da Bahia/CPT). Em 2023, o Disque 100 registrou 1.354 ameaças a defensores de direitos humanos — a maioria, líderes de esquerda. Portanto, o primeiro argumento para o armamento da esquerda, é a legítima autodefesa contra a violência política sistemática, que é real e visível.

2. Resposta à ascensão da extrema-direita armada
Grupos bolsonaristas e milicianos se organizaram militarmente nos últimos anos, aproveitando o afrouxamento no controle de armas a partir de 2019. Casos como os núcleos armados do chamado “Movimento de Resistência Conservadora”, identificados pela CPI das Fake News, revelam uma preparação bélica da extrema-direita com objetivos perigosamente obscuros. Em 2022, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 79% dos registros de armas foram para homens brancos de classe alta. Durante o governo Bolsonaro, o número de armas em posse de civis saltou de 117 mil para 673 mil (Instituto Sou da Paz, 2022).

É razoável supor que a vasta maioria desses novos armados — homens brancos, ricos e ideologicamente alinhados com o bolsonarismo — não apenas compartilham da retórica autoritária, como muitos também flertam abertamente com o fascismo e o neonazismo.

Diante desse cenário, é urgente que a esquerda compreenda a gravidade do desequilíbrio de forças em curso e comece a discutir, com responsabilidade e coragem, formas de proteção coletiva frente à escalada da violência política. Defender a vida da militância é, hoje, também uma tarefa estratégica.

3. Enfrentamento ao avanço do nazi-fascismo
A reabilitação pública de símbolos e discursos nazifascistas — no Brasil e no mundo — exige uma resposta à altura. Grupos neonazistas se proliferam em território nacional com objetivos declarados de extermínio ideológico, étnico e cultural. Em 2023, a SaferNet registrou 8.716 páginas neonazistas ativas no Brasil. Atualmente, o Ministério Público Federal investiga 63 células extremistas com planos concretos de ataque.

A pergunta que precisa ser feita é direta: quantos desses neonazistas estão se organizando, se armando e se preparando para, eventualmente, aniquilar comunistas e outros inimigos ideológicos?

Vivemos um cenário de crescente tensão geopolítica, marcado por saudações nazistas em espaços públicos, crise climática, ameaças de guerra, avanço da carestia, da violência e do autoritarismo. Nesse contexto, o desarmamento da esquerda representa um risco concreto de aniquilação — não apenas de militantes, mas de todo um campo político.
Estar armado, hoje, é estar minimamente preparado para resistir a um eventual colapso democrático ou conflito generalizado. E esses cenários, antes vistos como distantes, tornam-se a cada dia mais plausíveis.

4. Proteção de lideranças sociais e indígenas
A morte de Bruno Pereira, Dom Phillips, Dorothy Stang, Chico Mendes e os mais de 1.700 assassinatos no campo entre 2003 e 2023 (dados da CPT) demonstram que defensores da terra e do meio ambiente são alvos constantes de pistoleiros e milícias. Comunidades indígenas, como os Guajajara no território Arariboia, localizado no Maranhão, já assumem sua autodefesa armada frente ao avanço de madeireiros e garimpeiros. O movimento conhecido como “Guardiões da Floresta” opera armado às portas da Floresta Amazônica, protegendo seu território, além de tribos indígenas isoladas que ali residem. O armamento legal dessas populações pode ser uma ferramenta legítima de proteção da vida e do território e, talvez, a única garantia de sobrevivência desses povos.

Indígenas Guajajara dos “Guardiões da Floresta” realizam operação armada de combate contra madeireiros ilegais na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão.

5. Preparação para cenários de ruptura democrática
As ameaças golpistas materializadas em eventos como o 8 de janeiro de 2023 mostraram que uma parte da sociedade, mesmo que pequena, está disposta a derrubar governos democraticamente eleitos. Só em 2023, o TSE mapeou 487 ataques bolsonaristas a instituições. A CPI das Fake News também identificou 300 núcleos armados do "Movimento de Resistência Conservadora" em atividade no Brasil. A esquerda — e os setores democráticos em geral — não pode ser ingênua diante desses números e da grave ameaça que permeia toda a sociedade brasileira. Em cenários de ruptura institucional, colapso ou guerra civil, a resistência armada pode ser a única forma de defesa da Constituição, das Instituições Democráticas, da Soberania Nacional e da própria sobrevivência política e social dos movimentos populares.

6. Exercício legítimo e constitucional do direito à posse de armas
A Lei 10.826/2003 permite a posse de armas mediante “efetiva necessidade” (art. 12). Se a extrema-direita reivindica esse direito, por que a esquerda abriria mão dele? A segurança pública no Brasil é ineficiente, muitas vezes hostil à população pobre e preta, e ideologicamente orientada à repressão de movimentos sociais e comunistas. Portanto, o uso legal e consciente de armas por parte da esquerda se insere dentro das possibilidades constitucionais e jurídicas existentes.

7. Precedentes internacionais de autodefesa popular
Nos Estados Unidos, o Partido dos Panteras Negras utilizou as próprias leis locais para se armar legalmente e patrulhar comunidades negras contra a brutalidade policial, durante as décadas de 1960 e 1970. No México, grupos de autodefesa surgem em regiões abandonadas pelo Estado, enfrentando cartéis do narcotráfico onde o poder público falha em garantir segurança e justiça. Ainda no México, em Chiapas, indígenas armados do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional) mantêm um território autônomo — reconhecido pelo próprio Estado mexicano — onde defendem sua cultura e seu povo diante do avanço predatório da sociedade capitalista.

No Curdistão, a resistência armada também é realidade: homens e mulheres, inspirados pela ideologia anarco-comunista de Abdullah Öcalan, lutam há décadas contra o genocídio étnico imposto por diversos Estados e grupos terroristas. Trata-se de uma luta pela existência — cultural, territorial e física.

A esquerda brasileira pode — e precisa — aprender com esses exemplos. A autodefesa popular é, historicamente, uma estratégia legítima de sobrevivência, dignidade e resistência. Quando o Estado se omite ou se volta contra o povo, a organização armada não é uma escolha violenta — é um direito à vida.

8. Inserção da esquerda no esporte do tiro
Hoje, os clubes de tiro no Brasil são hegemonicamente ocupados por bolsonaristas e conservadores, tornando-se ambientes hostis para militantes progressistas, pessoas LGBTQIAP+ e outros grupos historicamente oprimidos. Segundo dados do IPEA (2021), 92% dos clubes de tiro têm presença majoritária de bolsonaristas, e a Confederação Brasileira de Tiro Esportivo contabiliza apenas 2% de filiados que se declaram de esquerda. Essa realidade reforça o controle ideológico da extrema-direita sobre o imaginário das armas, da segurança e até mesmo da prática esportiva associada ao tiro. No entanto, é importante lembrar que o tiro não é apenas um instrumento de violência — é também um esporte olímpico, com regras rigorosas, que exige concentração, disciplina, controle emocional e técnica. É uma prática com alto potencial educativo, capaz de promover valores como responsabilidade, autocontrole e foco. Em muitos países, inclusive, o tiro esportivo é incentivado desde a juventude em centros de formação cívica e cidadã.

A presença da esquerda nesses espaços pode ser transformadora. Ocupar os clubes de tiro é uma forma concreta de disputar simbolicamente o campo da segurança, da autodefesa e da cidadania. É uma oportunidade de democratizar o acesso à prática, criar redes de proteção comunitária e romper com o monopólio ideológico da extrema-direita sobre as armas.

A esquerda não pode abrir mão de espaços que, se bem utilizados, podem ser instrumentos de proteção coletiva, emancipação e soberania popular. Ressignificar o tiro como ferramenta de autodefesa e prática esportiva consciente é um passo necessário para uma nova estratégia de organização popular em tempos de crise.

9. A ONU permite Autodefesa
O Artigo 3º da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma de forma categórica: “Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.” Esse princípio fundamental estabelece que a proteção da integridade física e moral do ser humano é um dever inalienável dos Estados. No entanto, quando o Estado falha em cumprir esse dever — seja por omissão, incapacidade ou conivência com estruturas de violência —, a responsabilidade pela defesa da vida e da dignidade recai sobre os próprios indivíduos e, de maneira mais efetiva, sobre as comunidades organizadas.
Em diversas partes do mundo, comunidades historicamente marginalizadas têm recorrido à autodefesa como forma legítima de sobrevivência diante da negligência estatal. A Organização das Nações Unidas reconheceu, em 2013, a autodefesa comunitária como um direito humano válido em contextos de colapso estatal, especialmente em regiões marcadas por conflitos armados, violência sistemática ou ausência prolongada de instituições públicas efetivas. Nesses cenários, a autodefesa não é apenas um direito; torna-se uma necessidade urgente, uma forma de resistência ativa contra a violência estrutural e o extermínio.

10. Marx e São Tomás de Aquino autorizaram
A resistência à opressão é um fio vermelho que atravessa séculos de história humana. E essa resistência, por mais que se deseje pacífica, frequentemente precisou – e ainda precisa – ser feita com armas nas mãos. A luta pela sobrevivência, pela liberdade e pela dignidade dos povos não foi conquistada por apelos à benevolência dos poderosos, mas sim por decisões radicais, muitas vezes nascidas do desespero, mas também da lucidez política diante de sistemas historicamente violentos. Karl Marx reafirmaria esse princípio com sua clareza política habitual: “Sob nenhum pretexto devem armas e munições ser entregues; qualquer tentativa de desarmar o povo deve ser frustrada – por força, se necessário.” Para Marx, a emancipação das classes exploradas não viria da boa vontade dos senhores, mas da capacidade de organização política e da disposição para confrontar, inclusive pela força, os mecanismos violentos que sustentam o poder burguês e o Estado capitalista.

A esquerda, porém, em muitas ocasiões hesita em tratar com seriedade essa dimensão da luta. Essa hesitação nasce, em parte, do medo da criminalização, mas também de um pacifismo idealista e moralista, importado ou imposto por camadas médias bem-intencionadas, porém alheias à brutalidade cotidiana enfrentada por comunidades periféricas, povos indígenas e quilombolas, movimentos camponeses e organizações sociais criminalizadas. Esse pacifismo seletivo desconsidera que há corpos sendo exterminados todos os dias, e que nessas realidades não há espaço para abstrações. Não se trata de glorificar a violência – longe disso – mas de reconhecer que em um mundo fundado na violência estrutural, a resistência também exige firmeza e preparação.

Negar a autodefesa é negar a história. É esquecer que nenhuma revolução popular, nenhum processo real de libertação dos povos colonizados, ocorreu sem enfrentamento direto. O colonialismo, o latifúndio, o racismo, o patriarcado e o capitalismo não foram vencidos por súplicas, mas por luta organizada – muitas vezes armada. Lamentamos, mas não há meios-termos nem eufemismos que apaguem esse fato.

Vivemos em um país onde o Estado está armado até os dentes, mas só aponta suas armas para os de baixo. Uma realidade onde a polícia mata mais do que guerras civis, onde milícias dominam territórios inteiros com a anuência de instituições, onde comunidades inteiras vivem sob o terror constante – seja do tráfico, da bala oficial ou da fome. E, enquanto isso, a esquerda institucional debate estratégias eleitorais, reformas graduais e alianças frágeis, como se houvesse tempo, como se houvesse paz.

É preciso coragem para dizer: sem ferramentas concretas de resistência, não há garantia real de liberdade – nem mesmo de sobrevivência. Confiar no Estado, na mídia empresarial, nas forças policiais ou mesmo no Judiciário para conter o avanço do neofascismo é como confiar em um tigre de papel. São instituições em crise, corroídas por dentro, que assistem passivamente – ou compactuam ativamente – com a destruição das liberdades e dos direitos básicos. No colapso, apenas o povo organizado pode garantir sua própria segurança.

Por isso nasce o Novo Poder.

Não somos partido. Não somos ONG. Não somos uma tendência, nem uma seita.

Somos a resposta coletiva de um povo acuado, mas não derrotado.

A organização radical das classes populares para sua própria autodefesa.

Nosso símbolo – o martelo, o facão e a flecha – não é apenas um emblema. É uma estratégia. Representa a unidade entre o trabalhador urbano, o camponês e o indígena. A cidade, o campo e a floresta precisam estar de mãos dadas – não apenas simbolicamente, mas na prática, no chão da luta. E essa união só se sustenta com preparo ideológico, físico e material. É preciso saber pensar, agir, se mover e se defender.

O Novo Poder não é um chamado à guerra. É um chamado à vida. À dignidade. À construção de uma nova ética popular, onde o povo não será mais tratado como massa de manobra ou como alvo fácil – mas como sujeito ativo da sua própria história.
Intelectuais como Clóvis Moura, Abdias do Nascimento, Darcy Ribeiro e tantos outros alertaram sobre os limites da legalidade quando o Estado é, ele mesmo, o agente da violência. O livro "Por que os pobres não se rebelam?", de Jessé Souza, mostra como o medo e o monopólio da violência estatal mantêm os explorados em posição de submissão, mesmo diante de injustiças brutais. Mas esse ciclo não é eterno. Não precisa ser.

A pergunta é: até quando vamos aceitar esse ciclo sem reagir?

Até quando vamos esperar permissão para nos defendermos?

Até quando vamos suplicar por paz diante de um sistema que vive da guerra?

A autodefesa popular é mais do que uma tática – é um direito.

E agora, mais do que nunca, é uma urgência.

A paz virá, mas será uma paz armada, até que possamos desarmar o mundo com justiça.

Até lá, que o povo saiba se proteger. Que saiba se organizar.

Que o Novo Poder floresça onde o velho ruir.